Páscoa do Frei Macieira
Em conversa comigo, o Frei José Macieira, guardião da
Fraternidade Internacional dos Frades Menores do Saint Bonaventure College, em
Lusaka, Zambia, teria manifestado o desejo de ficar algum tempo em Moçambique
durante as férias de Junho - Agosto. O tal desejo estava em vista à sua
participação na Assembleia Anual da Custódia (Guiúa, 17 – 19 de Setembro) e nas
Profissões Solenes de 5 irmãos da Custódia (Maputo, 23 de Setembro). Só depois
desses actos é que o Frei Macieira regressaria à Lusaka.
Conforme o programado, o Frei Macieira, depois de visitar os
seus irmãos em Francisco, familiares de sangue e amigos de simpatia, participou
na Assembleia e nas Profissões.
No dia 25, aproveitando a boleia do Frei Miguel, o animador
vocacional, que ia a Chimoio, o Frei Macieira, na companhia do Frei Eduardo e
Frei Ricardo, partiram com escala em Inhambane. O Frei Ricardo ficou na sua
fraternidade, em Mocumbi, e os restantes irmãos continuaram a viagem e dormiram
em Inhambane. No dia seguinte, dia 26, continuaram com a viagem, rumo a
Chimoio. O Frei Miguel conduziu o carro até Maxixe, o outro lado da Baía de
Inhambane, cerca de 50 Km de distância, e depois os destinos ficaram nas mãos
do Frei Macieira. Tudo estava a correr muito bem, pararam em Mapinhane, cerca
de 200km da Maxixe, saudaram a Directora da Escola, uma religiosa, amiga
do Frei Macieira. Depois das saudações continuaram com a viagem.
Depois de atravessar o Rio Save, perto de Muxungue, por
volta do meio dia, o sono assaltou o carro e apoderou-se dos seus ocupantes. O
Frei Miguel quando desperta, o carro já se encontrava fora da faixa de rodagem,
no mato, na mão contrária. Foi nessa altura que o Frei Miguel chamou à atenção
ao Frei Macieira e este, na querendo controlar a situação, tentou repor o
carro na faixa, mas sem sucesso, pois o carro atravessou a estrada; o Frei
Miguel, sem saber como, vê-se sentado no chão, assiste o derradeiro momento do
Frei Macieira: o carro capotou: rodas no ar, virado para a direcção de origem.
Os dois ocupantes continuavam na viatura, a sangrar. O Frei Eduardo com
ferimentos nas ambas as mãos e na cabeça; o Frei Macieira entalada no carro,
com golpes fortes na cabeça e na mão direita – sem palavras, somente suspirava.
Com ajuda de algumas pessoas que acorreram ao sítio, o Frei Macieira foi retirado do carro, estendido no chão; passados alguns minutos expirou.
Os Padres Combonianos de Muxungue, assim que receberam a
notícia, dirigiram ao local e levaram o Corpo do Frei Macieira e os restantes
companheiros para o Hospital de Muxungue. Os feridos estavam,
conforme os exames médicos, estavam fora do perigo.
Nisso, chegou ao local, vindo de Chimoio, o Frei José Manuel
Bambo, na companhia do Seminarista Nhaquila; Feitos os trâmites, não
havendo no local meios para a conservação de corpos, o Frei Bambo levou os seus
irmãos, vivos e falecido, para Chimoio naquele mesmo dia.
No dia 28, logo a seguir à Missa das 18:00h, na Sé Catedral
de Chimoio, iniciou o velório até ao dia seguinte. Já às 8:00h do dia 29, no
mesmo local, celebramos a Missa do Corpo Presente no meio de uma grande moldura
humana. Participaram deste acto pessoas vindas de Maputo, Inhambane, Beira,
Tete, Zimbabwe, Zâmbia e ainda de outros lugares. Depois da Missa, o Cortejo
Fúnebre dirigiu-se à Marera, terra natal do Frei Macieira, para o enterro.
O corpo do Frei Macieira repousa na Missão de Marera, ao
lado de seu sobrinho, Padre Ezequiel falecido há alguns anos.
Que a alma do Frei Macieira descanse em Paz.
Frei Evódio
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